O dólar comercial encerrou vendido a R$ 5,375 na semana passada. Os investidores continuam atentos à tramitação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição. A possibilidade de que as negociações alterem o texto apresentado repercutiu bem entre os investidores. A PEC da Transição vai provocar um aumento do déficit público e da dívida do governo. O grande problema é que muitos dos programas temporários do governo devem se tornar permanentes, sendo difícil para os agentes econômicos entender qual será o arcabouço fiscal do país à frente.
O que acontece com essa situação é que o Brasil tinha o mercado precificando o início da reversão do processo (de aperto monetário) entre fevereiro e junho (de 2023), ou seja, diminuir os juros, mas por conta da incerteza nos planos fiscais do governo eleito, começamos a ver que agora não apenas não se precifica taxas mais baixas, mas na verdade há precificação de taxas mais altas no curto prazo. Será preciso esperar para ver o que de fato será aprovado na área fiscal. Essa situação de juros mais altos aqui é favorável ao real, dado que mantém um diferencial de juros interno e externo ainda elevado, mesmo com a continuidade do aperto monetário nos Estados Unidos. Porém, até definição do ministro da Fazenda ainda teremos muita volatilidade e na incerteza a corrida para o dólar.
Gráfico Diário Dólar (USD/BRL)
Quanto ao futuro, minha visão é de uma desaceleração do crescimento em 2023, fruto da redução de preços das commodities, arrefecimento da economia global e efeito do aperto monetário doméstico.
Gráfico Diário Índice Bloomberg de Commodity
Nos EUA, seguimos acompanhando discursos de membros do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) nesta semana. Na última sexta feira, a presidente do Federal Reserve de Boston, Susan Collins, disse que o banco central norte-americano tem mais aumentos de juros pela frente enquanto busca reduzir a inflação, acrescentando que espera que o possível caminho da política monetária não prejudique muito a economia dos Estados Unidos.
Mas isso está difícil, e provavelmente uma recessão está no radar pois o caminho que o Fed está tomando agora aumentará o desemprego. Vamos acompanhar de perto.
Alguns dados recentes de inflação sugeriram que os níveis altos de pressão sobre preços que levaram o banco central a aumentar agressivamente os juros este ano estão se moderando, o que pode permitir que o Fed desacelere ou até pare em breve o processo de aperto monetário. De uma taxa de juros próxima a zero em março, a faixa atual da taxa agora está entre 3,75% e 4%. As autoridades devem aumentá-la novamente na próxima reunião, em dezembro, em 50 ou 75 pontos-base.
FONTE: INVESTING