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BC prevê volta de tributos sobre combustíveis com Lula

O corte de tributos promovido pelo governo, que contribuiu para a queda dos índices de preços dos combustíveis nos últimos meses, deve ser revertido pelo governo Lula a partir de 2023, dificultando o cumprimento da meta de inflação no próximo ano, segundo o cenário-base do Banco Central (BC).

A medida do atual governo, que reduz a zero as alíquotas da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) e PIS/Cofins sobre esses produtos, vale só até 31 de dezembro de 2022.

“Ainda tem algum risco de aumento de imposto no ano que vem. O cenário base do Banco Central ainda é de reversão, [com] volta do imposto para 2023 sobre combustíveis no caso do imposto federal”, afirmou o diretor de política econômica do BC, Bruno Serra, durante evento promovido pela gestora de recursos do Bradesco nesta sexta-feira, 4.

“O desafio para desinflação ainda é grande à frente, núcleos ainda rodando a 10% em 12 meses”, completa.

Segundo o diretor da autoridade monetária, para alcançar a meta de inflação de 3,25% para 2023, e de 3% para 2024, é preciso desinflacionar os preços no setor de serviços, que hoje rodam em um patamar ao redor de 8% ao ano.

“Se a gente quer ter uma inflação ancorada na meta de 3% a partir de 2024, a gente precisa desinflacionar serviços. 8,5% [de inflação] de serviços não é consistente na meta de 3%. A gente precisa trazer serviços de volta para o que era no pré-pandemia”, afirmou Serra. “Esse talvez é um desafio mais duro”.

Ele acrescentou que o mercado de trabalho no país encontra-se em um estágio “bem mais apertado” do que no pré-pandemia, o que acaba dificultando uma descompressão mais consistente da pressão inflacionária no setor de serviços.

O diretor do BC fez menção a um debate corrente no mercado, segundo o qual a reforma trabalhista aprovada em 2017 no governo de Michel Temer teria contribuído para baixar o nível de desemprego de forma mais estrutural no país.

De toda forma, ele afirmou também que o ciclo de aperto monetário promovido pelo BC, que levou a taxa Selic da mínima histórica de 2% ao ano para os atuais 13,75%, já começa a ter reflexos, com uma desaceleração no mercado de crédito às pessoas físicas e jurídicas.

“A gente vê que está batendo o ciclo de política monetária [na economia], e daqui para frente a gente espera distensionar a atividade e ver essa inflação convergindo para as metas, principalmente a partir do primeiro, segundo trimestre de 2024”, disse o diretor do BC, que preferiu não comentar sobre o impacto do risco fiscal para 2023 para a política monetária.

“O Banco Central evita falar de política fiscal, mais ainda em um momento de transição de governo. Não tem toda a informação, acho que não é o caso de ser específico”, afirma.

Lucas Bombana

FONTE: NOVACANA