Bancos e consultorias já estão prevendo que o Produto Interno Bruto (PIB) este ano vai crescer perto de 3%. Até a divulgação dos números do segundo trimestre pelo IBGE nesta quinta-feira, de alta de 1,2% acima do esperado, a expectativa de crescimento estava pouco acima de 2%. Em relatório, o Goldman Sachs subiu suas estimativas de 2,2% para 2,9%.
“Dada a impressão do PIB real do segundo trimestre mais forte do que o esperado, revisões do crescimento do quarto trimestre de 2021 e primeiro trimestre deste ano, com os bons indicadores de confiança do terceiro trimestre e a antecipação de transferências fiscais mais altas para o setor privado durante o segundo semestre deste ano, estamos atualizando nossa previsão de crescimento real do PIB em 2022 para 2,9% (de 2,2%). Em 2023, esperamos que a economia cresça de forma tímida: 1%”, diz o relatório assinado pelo economista Alberto Ramo.
O Itaú Unibanco, que projetava crescimento de 2,2% para o PIB em 2022, agora estima uma alta entre 2,5% e 3%, segundo a economista Natália Cotarelli. Além da aceleração no consumo das famílias, a taxa de investimento de 18,7% do PIB no segundo trimestre surpreendeu.
A economista ainda diz que, embora os recursos liberados em agosto, como Auxílio Brasil de R$ 600 e Pix Caminhoneiro, ajudem a acelerar o consumo daqui em diante, o impacto na economia do PIB deve ser menor do que o gerado pela antecipação do 13º salário de aposentados e pensionistas e pelos saques extras do FGTS.
— Se considerarmos que foram quase R$ 90 bilhões liberados no segundo trimestre, contra R$ 41 bilhões para o segundo semestre todo, podemos ver que os benefícios não compensam a renda adicionada à economia antes — comenta Natália.
Disseminação do crescimento
A Genial Investimentos também já revisou suas projeções. Citou a disseminação do crescimento como um dos motivos para melhoria nas expectativas econômicas.
“Nossa avaliação é que o PIB do 2º trimestre foi positivo, não só pelo valor acima do esperado, mas também pela disseminação de resultados positivos entre diversos subgrupos. Com isso, revisamos de forma preliminar nossa projeção do PIB em 2022 de 2,5% para 2,8%.”
A XP Investimentos também soltou relatório, avisando que vai rever as projeções para cima. “Nossa expectativa atual para o PIB de 2022, de 2,2%, tem um claro viés altista.
Em breve revisaremos nossa projeção para o PIB anual. Também atribuímos um viés positivo à previsão de aumento de 0,5% para o PIB de 2023, a despeito da política monetária em território amplamente contracionista e o enfraquecimento da economia global”
A XP diz que continua esperando desaceleração da atividade doméstica no semestre, “no entanto, a recuperação firme das condições do mercado de trabalho, combinada a estímulos fiscais de curto prazo, deve permitir um arrefecimento econômico suave”.
A XP afirma que o resultado do segundo trimestre já garante um crescimento de 2,6% este ano, se não houver queda no terceiro e quarto trimestre.
Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, apesar de esperar uma expansão mais baixa que outras consultorias, também mudou seus números para cima. Esperava alta de 1,6% este ano e agora prevê 2%:
_ Esperávamos que a retomada de serviços fosse um pouco mais lenta e houve impacto forte de commodities. Está montada a história: serviços saindo por pandemia, aceleração dos preços das comodities. Mas com a recessão mundial, é um efeito que tem um tempo determinado para durar. Pode ser um pouco mais que 2%. Vai depender do quarto trimestre. Há muitas incertezas no final de ano. Porém, o número deve ficar mais próximo de 2% do que 3%. Essa taxa é mais improvável.
Autor/Veículo: O Globo