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Brasil deixa de arrecadar R$ 118 bi por reinjetar gás natural em vez de usá-lo

Brasil deixou de arrecadar R$ 118 bilhões nos últimos cinco anos com a reinjeção de gás natural nos campos de extração de petróleo. Ou seja: em vez de o insumo ser consumido, ele volta para os poços de onde os volumes são extraídos. Segundo a Cbie Advisory, consultoria ligada ao Centro Brasileiro de Infraestrutura (Cbie), as perdas financeiras cresceram 120% – foram de R$ 14,7 bilhões em 2017 para R$ 32,4 bilhões -, no ano passado. Em volume, foram reinjetados 27,61 milhões de metros cúbicos por dia (m3/d) em 2017, evoluindo para 60,84 milhões de m3/d em 2021.

Segundo o diretor e sócio do Cbie, Pedro Rodrigues, o valor é maior que toda a arrecadação do governo com o setor energético no ano passado. Se forem somados os valores que o governo recebeu de dividendos da Petrobras, impostos sobre combustíveis, leilões e outras participações governamentais, “o valor é menor do que o que ele deixou de receber reinjetando o gás natural”, diz ele.

Gargalo na infraestrutura de escoamento impede uso

O principal motivo para a reinjeção do gás natural é a falta de investimento em infraestrutura de escoamento. Além de prejudicar a arrecadação, que poderia ser destinada a áreas como saúde, segurança e educação, o Brasil perde a oportunidade de garantir a segurança energética.

De acordo com Rodrigues, apesar de o País ter uma produção capaz de atender a demanda nacional, atualmente importa 50% do consumo de gás natural “porque não há infraestrutura para que o produto chegue até o consumidor final”.

Por falta de gasodutos entre as unidades produtoras e a costa brasileira, o Brasil reinjeta quase a metade do gás natural produzido. Em maio, último dado disponível na Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), dos 131,7 milhões de metros cúbicos de gás extraídos diariamente das bacias brasileiras, 67,5 milhões de metros cúbicos foram reinjetados.

Situação se agravou este ano

A situação se agravou este ano, após o impasse criado pela paralisação das obras da Unidade de Processamento de Gás Natural (UPGN) do Gaslub (ex-Comperj), em Itaboraí, no Rio de Janeiro, que adiou a entrada em operação da Rota 3, um gasoduto que traria este ano gás natural do pré-sal para ser processado na UPGN. Com a Rota 3, a estimativa é de que a oferta de gás cresça cerca 40% no País.

Autor/Veículo: O Estado de S.Paulo