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Gás natural é aposta de campanha em eleições estaduais

As perspectivas de abertura do mercado e de interiorização do gás contagiam as campanhas eleitorais nos estados. Candidatos a governadores apostam no insumo – presente em diversos planos de governo – como motor do desenvolvimento econômico.

No Maranhão e Piauí, o acesso ao gás virou promessa eleitoral. Os dois estados são carentes de infraestrutura, mas estão contemplados no primeiro leilão de contratação das termelétricas compulsórias, previstas na lei de privatização da Eletrobras.

Se bem-sucedida, a licitação pode viabilizar a chegada de gás à Teresina (PI) e Bacabeira (MA), na Região Metropolitana de São Luís.

No Piauí, Rafael Fonteles (PT), segundo colocado nas pesquisas de intenção de votos, atrás de Silvio Mendes (União Brasil), promete garantir a chegada de gás natural ao Parque Industrial da Zona de Processamento de Exportação (ZPE) de Parnaíba. Com isso, espera atrair mais empresas (indústria de calçados, por exemplo) para o polo.

Mendes não trata de gás natural em seu programa.

A distribuidora Gaspisa (PI) é controlada pelo estado em sociedade com a Termogás. Junto com a Gasmar, pede o aumento do preço-teto do leilão, de R$ 450/MWh para R$ 600/MWh [Valor], o que aumenta a viabilidade de projetos termelétricos a GNL, cujos preços internacionais estão estressados.

Se bem-sucedidos, esses projetos permitirão a chegada de gás às concessões da Gaspisa e Gasmar. Consumidores, por sua vez, pressionam pelo cancelamento do leilão.

Um dos fundadores da OAS, Suarez é dono de negócios em distribuição que podem se beneficiar com a interiorização do gás.

Outras empresas, como Eneva, Global Participações, Shell e New Fortress também tentam aproveitar oportunidades abertas pela contratação compulsória de termelétricas. Tratamos na estreia da gas week: Uma nova chance para o gasoduto Meio-Norte.

No Maranhão, é assunto do plano de governo dos dois principais candidatos ao governo estadual: Carlos Brandão (PSB) promete instituir um programa para abastecimento de GNV.

Já Weverton Rocha (PDT) quer “corrigir o notório desequilíbrio entre produção, oferta e demanda” a partir da importação de gás natural liquefeito (GNL). Rocha acredita que a commodity viabilizará o desenvolvimento de um mercado local de gás natural, com reflexos na geração de emprego e renda e tributos.

O Maranhão é um importante produtor de gás, mas no complexo termelétrico da Eneva, na Bacia do Parnaíba. A empresa assinou este ano os primeiros contratos com clientes industriais – Vale (São Luís) e Suzano (Imperatriz), a partir de 2024.

A Gasmar, distribuidora local controlada pelo estado, em sociedade com a Termogás (do empresário Carlos Suarez), acredita que a entrega de gás da Eneva para a Vale funcionará como âncora para o desenvolvimento do mercado de gás da capital. Mas ainda não tem um plano definido para expansão da rede

No Amazonas, promessa de gás para fertilizantes
No Amazonas, que também vive a expectativa de contratação de térmicas no leilão de setembro, o gás entrou nos planos de governo de dois dos principais candidatos locais.

Amazonino Mendes (Cidadania) promete investir no “fomento das potencialidades regionais e novas atividades industriais com ênfase no petróleo e gás”, enquanto Eduardo Braga (MDB) defende um uso “mais nobre” para o gás.

Ele destaca que a utilização do insumo na “na indústria gás química introduzirá o estado no mercado nacional e internacional de fertilizantes sem derrubar uma única árvore”.

Uma outra alternativa em análise é liquefazer o gás e desenvolver uma rede de abastecimento de GNL em pequena escala, para suprimento da demanda ociosa da região Norte por meio de um sistema hidroviário.

Na busca pelo consumidor de gás
No Rio Grande do Norte, a atual governadora Fátima Bezerra (PT), favorita à reeleição, se compromete a estimular projetos que viabilizem a ampliação do processamento de gás no estado – que abriga a UPGN de Guamaré.

O ativo está sendo vendido pela Petrobras para a 3R Petroleum. Tem capacidade instalada de 5,7 milhões de m³/dia, mas parte da infraestrutura está hibernada. Guamaré é uma infraestrutura essencial para os novos agentes do mercado – sobretudo PetroReconcavo e 3R, principais compradoras dos campos maduros da Petrobras na região.

O novo dinamismo do setor de óleo e gás potiguar é tema de propostas dos dois principais oponentes de Fátima Bezerra: Capitão Styvenson (Podemos) promete uma política para descarbonizar a indústria de óleo e gás.

Já Fabio Dantas (Solidariedade) quer usar a distribuidora local, a Potigás, como geradora de empregos na construção civil, a partir da expansão da rede

Em Sergipe, as perspectivas de industrialização a partir do gás compõem o quadro de propostas de desenvolvimento econômico do estado.

Fábio Mitidieri (PSD) promete uma política para estimular a instalação de indústrias que fazem uso intensivo de gás, “assegurando as condições e o apoio na infraestrutura, logística e segurança jurídica”.

Mira um complexo portuário-industrial no Porto de Sergipe, com indústrias gás-intensivas como cerâmicas e vidrarias. Na agenda, está a geração de energia termelétrica; e o incentivo a renovação da frota estadual, para veículos elétricos ou GNV.

Já Alessandro Vieira (PSDB) quer apoiar o início da produção de óleo e gás no offshore de Sergipe e criar um polo de formação profissional em petróleo, gás e energias renováveis, a partir da integração entre empresas e instituições de ensino.

Sergipe vive a expectativa de desenvolvimento das descobertas de óleo e gás da Petrobras na costa e da interligação do terminal de regaseificação de Barra dos Coqueiros – comprado pela Eneva.

O atual governo de Belivaldo Chagas (PSD), aliás, apresentou à ANP uma proposta para criação de uma tarifa diferenciada para o transporte de gás natural de curta distância (short haul), para reduzir os custos para indústrias interessadas em se instalar no estado.

Usar o gás como propulsor da industrialização está também nos planos do candidato ao governo do Rio de Janeiro, Marcelo Freixo (PSB), que aposta no Polo GasLub (ex-Comperj), em Itaboraí, num novo polo industrial.

Freixo vê no Rota 3 (gasoduto de escoamento que se conectará à UPGN de Itaboraí) uma “grande oportunidade para revitalizar a área do Comperj e ali instalar um condomínio de indústrias que tenham o gás natural como insumo”.

Também defende a instalação do Rota 4, via Itaguaí, para atrair empresas e empregos na Baixada Fluminense.

Claudio Castro (PL) não entregou seu programa até o fechamento desta edição.

Autor/Veículo: EPBR